Poema para ninguém... Francisco Valverde Arsénio
Olho o meu corpo
que se contorce
em borboletas de espuma
na altiva crispação das ondas.
Penso-te
na incandescência
do meu poema em construção,
nas letras acesas
que se entrecruzam,
na roupa que preciso
para cobri a tua ausência.
Olho o meu corpo
e os dias são descartáveis,
deambulam inexoravelmente
na rota dos meus olhos.
Tenho a boca seca
cravejada de perguntas
e o peito decorado com cicatrizes.
Tenho o firmamento inundado de margens
e o mar estrelado de navios.
Tenho o tempo a contratempo
que se desintegra no colapso do adeus.
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