Um bocado do tempo
desprendeu-se de mim,
ficou uma mão cheia de vazio,
um coração em forma de nada
e um arco de pedras carcomidas.
Ficaram as amoras por amadurecer
um lago de águas paradas,
um sorriso brando mas sereno,
uma gota de água
que mergulha numa lágrima.
Caminho contra o vento
com as mãos escondidas
nos bolsos das calças,
as ruas estão desertas de alecrim
e eu continuo a sonhar contigo.
Passo por uma,
duas,
três esquinas cegas
como o sangrar dos dedos,
tenho icebergues na memória
e as palavras sobram caladas.
Leio poemas
neste tempo sem tempo
e os versos perfilam-se perante mim
como se marchassem para o exílio,
não sei como te chamar meu amor,
agora que te desprendeste de mim.
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