A sementeira do silêncio... Francisco Valverde Arsénio
Relanço as sementes à terra
com o punho fechado.
Há em mim um ar de desalento
que bate a contratempo,
linhas traçadas
que separam os hemisférios
onde se movem os meus pensamentos.
Não há pássaros
a espreitar na copa das árvores,
e eu tenho mãos sulcadas
em que as sementes se abrigam.
Espalho incertezas
pelos cantos da casa
e refugio-me
numa qualquer esquina do monte.
O sol arde no acaso do horizonte
e as palavras enfeitam os caminhos
com pétalas de rosas.
Relanço as sementes
que me caem dos olhos,
e sempre que as minhas mãos se abrem
recolho silêncios
e falta de vontades.
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