Certeza... Francisco Valverde Arsénio


Um dia vou poder
serenar os horizontes
e sentar-me no altar dos deuses.

Encontrar-te dentro
dum problema matemático
e desdobrar-te
em equações simples.

Um dia vou poder
entrelaçar os passos
num tango
e rodopiar
num movimento uniforme.

Um dia vou saber
que me olhas atenta
e que esperas
o balancear das águas,
inquieta
como um risco no infinito
ou o grito escuro da noite.

Um dia vou beijar
o bago de uva doce
que ostentas no peito
e silenciar
o cinzento dos meus medos.



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