O rio cansou-se dos meus olhos,
pousados nele sem pausas.
Recolheu todas
as gotas de água
que deles foram tombando,
bebeu-as na maré vasa
e esculpiu lagos
que ornou
com estátuas de sal.
Endureceu o azul,
engrossou o caudal
e castigou as margens
com a raiva
de quem se sente enganado
pela opacidade das não-verdades
que lhe contaram.
Descobriu enfim
que confiou de mais
nos murmúrios das ondas,
porque neles
nada do que parece é.
O rio desistiu da foz.
E desacreditou...
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