Quantas vezes... Ana Fonseca
Quantas vezes me dizes
Que tens de me deixar ir…
Quantas vezes me perguntas
“O que queres de mim?”
Eu só te posso responder
Com uma ternura infinda…
Não voltarei a ser o espelho
Onde te revês, questionas
Não serei a solução
Dos teus teoremas
Não serei o trapézio
Onde te equilibras e temes
O vazio que se te oferece
A rede esquecida
Não serei a asa partida
Que te impede de voar
Mas posso ser a corda bamba
Onde te ensaias inseguro
Nos caminhos da Esperança
Posso ser a ponte que no desespero
Os teus olhos alcançam
E os teus sentidos vislumbram
Por baixo do véu do cansaço
Pântano agitado de medo
Posso ser a mão estendida
Com que te afago
A rosa perfumada
O abraço apertado
Posso ser no eco do vazio
O som que preenche a pele da alma
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