Nada importa... Célia Champlon


Ela conta os dias. Ela já só vive para aquele dia. Todo o resto é obrigação. Tudo o resto é insignificante.
Ela sabe o quanto lhe custou conseguir aquele dia. As noites mal dormidas. Os dias mal vividos. As ambiguidades. Os avanços e recuos. As emoções escondidas. Os pensamentos recalcados. O quanto resisitu e claudicou. As vezes que o amou e o odiou. O parecer estar como não estava. As dúvidas, tristezas e máguas que sentiu.
Mas nada disso importa.
Ela conta os minutos. Ela sabe que chegou o momento. Todo a excitação a acompanha. Tudo o quer está à sua espera.
Ela se sente bem consigo própria, na sua pele. Gozou o prazer de se arranjar. De se perfumar. Viveu aquelas horas antecedentes com alegria. Tentou imaginar o que se passaria do outro lado. Deu consigo a sorrir sem mais nem porquê. Desejou conseguir anular as suas barreiras. Dar-se realmente a conhecer. Sonhou o amar nessa noite.
Mas nada disso importa.
Ela sentiu toda a especie de sensações, emoções e sentimentos com ele. Sentiu todo o carinho que o gostar dele lhe deu. Sentiu todo o seu desejo por ele posto à prova. Sentiu que ele era ainda mais do que tudo o que ela sonhara.
Mas sentiu o arrepio na nuca, o remoinho no estomago, o tremer do corpo? Sentiu...
Mas só ela...

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