O discorrer das vontades... Francisco Valverde Arsénio
Que sejam searas de trigo
todas as palavras
que lavras no peito,
que os teus beijos sejam aguarelas,
rosas
e glicínias de aroma doce,
que os lençóis sejam brancos
como a imaculada pele
que tacteio com os dedos,
que haja rios
e ancoradouros,
que se calem sonhos
e as bocas se fechem
num beijo,
que se oiçam melodias
e se riam os olhos,
que se excitem os seios
ao toque morno duma carícia.
Traz-me o brilho crepuscular
dos teus lábios
e extingue sem demora
o fogo que me consome
as auroras.
Traz-me o vento
que dá cor aos dias
e letras acordadas
em cada palavra.
Traz-me tinta
e um papel sem nome…
Traz-me o regresso desta espera.
©
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