As tuas palavras
tocam nas minhas,
sussurram-me enigmas,
são mensagens
por dentro
das minhas mensagens.
A nudez da pontuação,
as linhas sobrepostas
como dois corpos,
a viagem por dentro dos versos,
os bagos de uvas maduras
de cor rubi
que te moldam a camisa,
os limites dos sentidos,
a linha vertiginosa da imaginação.
As tuas palavras
tocam nas minhas
para lá da mitologia,
para lá da cama desfeita
onde nos perdemos,
no entrecruzar das paredes
que te acolhem de noite
e se fecham em ti
como um livro deixado por ler.
Ontem,
vestiste-te de aromas,
cheirava a pinheiro
no silêncio falado,
tinhas orvalho no rosto
e um manto de folhas
caídas em cada mão.
Ontem…
as tuas palavras
não tocaram as minhas.
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