Ah! Fernando... São Reis











Ah Fernando como eu queria cantar
assim à desgarrada
as palavras que me consomem
como eu gostaria de calar
a boca da madrugada
e deixá-la muda e calada
com todos os meus versos
todas as palavras que me gritam no peito
e para as quais não encontro rima

Ah Fernando como eu gostaria de ter
a tua sensibilidade
de ver pelos teus olhos
sentar-me numa esplanada
e ver as letras florearem
e fazerem amor com a caneta
como se fosse a coisa mais natural do mudo

Ah Fernando
como eu gostaria de me soltar
e deixar que as palavras morressem todas
na minha folha em branco
e que ninguém me julgasse
ou me achasse melhor ou pior que os demais

Ah Fernando tivesse eu metade
ou um terço que fosse das tuas palavras
a dançar-me nos dedos
e cantaria o amor de todas as formas
e a saudade ganharia um novo significado
e a lua e o mar seriam refúgio dos amantes
num mar nunca antes navegado
num desejo nunca antes soletrado ou sentido

Ah Fernando
tivesse eu as tuas palavras
e o amor morreria todo nas minhas mãos
em todas as palavras que eu conseguisse inventar
em todos os versos que não rimassem
em todos os corpos que se tivessem
e se gostassem

Ah Fernando soubesse eu falar de sentimentos
e não estaria aqui a tentar descrever-te
aquilo que não sei...

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