Dia 113. (excerto)... Joaquim Pessoa











O país do amor não tem horizontes, nem sequer tem horas,
o país do amor não possui caminhos. Está-se lá, apenas.
Vive-se lá, onde todas as perdas são possíveis para
ganhar alguma coisa de que precisamos, e sem precisar
de gostar dela. As águas do amor são mais humildes que
transparentes, e a elementar serpente que as atravessa,
e que arrulha como uma pomba, é na realidade uma pomba
se tu não quiseres que seja uma serpente.
Eu não te invento nas canções, não te beijo com a
saudade que vive na memória das ruínas, nem espero
por ti com a queixa escondida no peito frio das muralhas.
Onde estou, espero por ti e amo-te. Olho para ti,
e o meu olhar beija-te. Canto, e é a ti que canto.

in ANO COMUM, Litexa, 2011

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