Uma força sensorial... Francisco Valverde Arsénio


Não é a primeira vez que perguntas como e porque apareci; porque decidi prender a minha atenção em ti e não noutro alguém. Onde é que vou encontrar uma resposta? Sei lá! Alguém sabe o que nos leva a interessarmo-nos e prendermo-nos a uma e não a outra pessoa? Fazes cada pergunta… eu próprio me questiono, acredita, mas não estou obcecado pela minha própria resposta… não sei… talvez tenha sido o teu sorriso, o olhar envergonhado… não sei… podia inventar uma história qualquer, e com letras bem bonitas dizer-te que te segui vezes sem conta, mas tudo quanto dissesse não preencheria aquele pequeno-grande momento de felicidade quando te toquei, sentindo-te minha ainda que não me pertenças.
Entrei sem bater à porta numa intromissão total, sem pedido de licença, mas sempre com receio que me achasses ou aches obsessivo, que te roubo o ar e os movimentos. Não quero forçar a minha presença mas que a vivas, que faças parte das minhas aventuras onde reservo para ti um dos papéis principais.
Há em mim esta dicotomia – fiz bem ou mal ao intrometer-me no teu espaço e ter saltado por cima das tuas defesas? Quero acreditar que ambos somos donos das imagens, sons e palavras, que cavalgamos nas nuvens e naufragamos nas ruas.
Tu tens brilho e sempre que sorris sinto vaidade por ser quem sou, por teres percebido que te emprestei todas as vogais e consoantes para os teus poemas. Sento-me num banco de pedra da cidade que não dorme e descubro nas sombrias vielas uma pérola que brilha. Sim! Tens um brilho diferente dos metais preciosos, dos diamantes e dos rubis, o teu brilho tem o poder reluzente de mil sóis, daí este meu apego a ti, prendes-me sem amarras e vou ficando.
Um dia perguntaste-me como ou porque apareci e nunca te dei uma resposta convincente. Por vezes, a melhor resposta é quando não há resposta, por vezes, a incógnita é como o acto de vir à tona de água para respirar, recuperar forças e voltar a submergir na ilusão. Sim! Na ilusão, a vida materializa-se todos os dias mas tem uma componente abstracta e esta é a ilusão, é a força sensorial que nos alimenta na caminhada.
Nas noites em que envolvemos em fictício uníssono os nossos corpos no sal do mar e no suor do desejo, sei que fazes parte do mapa de ilusões que tenho gravado nos poros, fazes parte de mim e aí… encontras todas as respostas.

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