Crescem cidades... Francisco Valverde Arsénio


Crescem cidades na ponta dos meus dedos
onde as árvores amadurecem e dão frutos.
Agarro um fio de algodão e teço
uma nuvem por cima dos telhados.
Escuto palavras, todas as
palavras com sabor a mirtilo.
Crescem cidades na ponta dos
meus dedos como se as palavras
morressem no instante em que nascem,
e fico sentado na sala onde o tempo espera,
olho a porta de saída e as paredes perdem a cor.
Rasgo o tempo em pedaços interrompidos e
acordo com um poema a saltitar nos lábios,
ouço passos para lá da futilidade
e escondo-me da incerteza das marés.

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