Previsível Futuro... Francisco Valverde Arsénio
Espero à porta do tempo
que te leva para um futuro
onde não pertenço.
Nas minhas mãos
não cabem os desejos
nem os suspiros do teu corpo ardente,
deixo que se soltem
as palavras empedernidas
cercadas pelas incertezas.
Perdi os meus olhos
na humidade dos teus lábios,
e deixei a porta aberta
para que o teu coração
se lembrasse das paredes
em forma de ninho.
Sinto saudades
do oásis dos teus beijos,
nesse deserto
onde tantas vezes me perdi.
Caminho em passos curtos
como bagos de romã,
como a luz turva de Vénus
no crepúsculo do dia,
como a folha
que se recusa a cair do ramo.
Esgotam-se os instantes
e os lençóis esfriam o meu corpo
ausente do teu.
A madrugada foge
por entre a noite
deixando a sede invadir
as páginas ilegíveis
que não ousei escrever.
Resta-me o teu nome
do lado de cá da porta
que te levou para um futuro
onde não pertenço.
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