Sem surreal desconcerto... Ana Fonseca








Desconcertada com o rumo do dia, decidi ser menina e improvisar a vida…
Peguei numa paleta de mil cores e reinventei o mundo ao sabor do meu querer. O céu fi-lo verde, as árvores cor-de-rosa, o mar dourado e os prados de um índigo profundo.
Recriei as espécies, refiz o Ser Humano, dei-lhe asas, tornei-o Anjo.
Fiz da pele maresia, dos cabelos searas ondulantes de mil cores, dos braços pêndulos que abarcaram o mundo num navio de sonhos a navegar pelo oceano do vislumbrar e estendi-lhe o ser por cima de todos os firmamentos, feito pó estelar, a contemplar na miríade do olhar, sempre refeito em omnipresente estar…
Refiz a Terra, refiz o Mundo, refiz o Homem e a ti… deixei-te assim… imperceptível, intocável, pedra angular, alquimia de Amor a ser bebida na água que inspiro e me dá vida.
A ti que me acompanhas, que me És, que me aconchegas a face quando a recosto no teu peito, que me enlaças com carinho e me sossegas a roupa, que me provocas avalanches de sentires desiguais num crescendo que me ergue ao mais cristalino de mim…
A ti… eternizo-te no meu caderno e guardo-te num envelope de tecido bordado com as flores que estendem as asas e são os pirilampos do caminho…
A ti aceito-te sem improviso mesmo quando me fazes chorar porque simplesmente te Amo numa eternidade de momentos que são a calçada que trilhamos com carinho na alma do dia.
A ti me entrego na folha e no lençol onde reinvento o Mundo e conserto a vida…

Nenhum comentário:

Postar um comentário