Alquimia... Ana Fonseca


Um aroma pulsante de terra molhada invade-lhe as narinas, comanda-lhe os poros e ela, completamente inebriada, despe-se e corre para a relva.

Seu corpo é incandescente lava que beija a terra onde se entrega sem demora.

De seus olhos irrompe a energia dos morangos, de seus lábios afloram pétalas rosáceas perfumadas de odores…

Seus cabelos são dedos que entrelaçam as brisas numa mão cheia de fios de seda tecidos no céu dos amores, seus braços delicados troncos ramificados de gestos, mestres a invocar ardores, seus seios suaves montes eivados de vida, plenos de calor a desnudar emoções, seu ventre o cálido aconchego onde repousam borboletas ébrias de cor e desejo a saborearem o néctar do ardor, suas pernas raízes torneadas e elegantes que se fazem andarilhas na tela de todas as cores.

Do céu caem pingos de chuva que trazem ao entregue corpo de terra e fogo uma surpresa plena de alquimia.

Um corpo de maresia, espuma, vaga, ímpeto e sabedoria acaricia-lhe o ardente ser e juntos são vapor, fusão perfeita num eterno Amor.

Na relva repousa o brilho de um incandescente coração que fumega.

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