Divagamos... Ana Fonseca










Neste palco onde todos somos peças vivas de um puzzle há muito criado, há momentos que nos fazem disparar o coração, que nos tolhem a razão, que nos incitam a outros vôos, que nos desprendem as raízes que se enterram no fictício soalho à procura de estabilidade, de calma, da sensação de fazer parte… é nesses momentos que o coração nos pede para acreditar, nos pede que nos lancemos no momento, de coração em riste, com ternura e enlevo no olhar…

… e divagamos…

Uns olhos humedecidos, uns lábios entreabertos, um corpo a murmurar segredos inconfessos, um palpitar por entre as janelas do peito, um sentimento que se oferece peregrino, insubmisso, um fogo no olhar, uma saliva em mel, um desejo que paira no ar… é o que pede o momento que urge, que nos incita a contento.

Estremecemos e dos sonhos despertos, contemplamos a borboleta que esvoaça infatigável e acaricia as pétalas. Voa e ama, tranquila, de caule em caule e com o seu esvoaçar embeleza o jardim com o seu estar. Assim, fossemos nós, sem grilhões, sem expectativas, sem quereres, sem nada pedir, nada exigir, nada temer.

Porque agrilhoa o Homem o seu ser? Porque se queda mudo e estrangulado em conceitos, em normas, em juízos de valor, em becos sem saída que lhe cerceiam os caminhos do Ser?
Não sabemos.
O que sabemos é que há algures outro caminho, uma ponte que se estende por baixo de nossos pés, uma flor que se abre e onde cintilam arco-íris de mil cores, uma tela onde se desprende a poesia das emoções, uma liberdade que se anuncia nas curvas do caminho ou por baixo de um pedregulho que nos tolhe os sentidos e que a custo desfazemos com as lágrimas que nos sulcam o rosto… há algures uma liberdade que respira no ar e na alquimia de todos os momentos… é essa Liberdade, esse ser que a Alma anseia, é esse o seu Mar. E uma Alma liberta tudo e todos Ama, tudo e todos respeita…

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