Quietude... Ana Fonseca da Luz










Pincelaste-me os olhos com alecrim e rosas.
Ungiste-me o peito com alegrias, e flores silvestres,
que colheste esta manhã.
Em mim, ficou a saudade das coisas que não vivemos,
das mágoas que eram beijos,
das desfolhadas que nos nasciam no peito…tão doces!
E na boca…
um gosto a mel.
O mel que te pinga dos olhos e que me tempera a vida.
Abro-te os braços para que te aninhes neste jardim que plantaste em mim.
E dou por nós a celebrar outra noite que, gota a gota, morre de negro,
enquanto a mim, me nasce no regaço, a simplicidade do amanhecer.
Já não há mais momentos assim,
Serenatas de embalar.
Resta-nos só a imensa vontade de renascermos todos os dias,
cheios de alvoradas e ocasos,
na quietude amarga do tempo que desperdiçámos.

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