VÁCUO... Rita Pais










Não sei que memórias
têm os dias
nem que evocações
bordejam as horas.
Não sei o que sentem
os minutos
nem porque são tão breves
os segundos.
Sei que há um compasso
que rege o tempo
e que os ponteiros da vida
têm uma melodia marcada.
Sei que vagueio
entre a sombra e a luz
que me dizem
do crepúsculo e da aurora.
Sei que o momento é o certo
quando ressoam os teus passos
e que não há momento
se eles se não fazem ouvir.
Sei que existe noite
no meu corpo
quando o teu deambula
em outro espaço.
Sei que existe manhâ
no meu corpo
quando o teu caminha
errante pelo meu.
Sei que existe calor
quando os teus lábios
se aproximam
do meu rosto.
Sei que existe frio
quando as tuas mãos
escolhem
ficar nuas de mim.
Sei que existe
o vazio
porque a tua seiva
não me inunda.
Sei que existe
o silêncio
porque cessou
o teu murmúrio.
Sei que não sei
o que sou
quem sou
ou porque sou
quando o vácuo
em que mergulho
me abre os braços
em que me deito
e me chama,
docemente,
infinitude....

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