VONTADE DE VOAR... Luzmar Oliveira










Às vezes sinto uma vontade incrível de voar, ser livre como os pássaros que cruzam os céus e são leves como as nuvens. Flutuam e deslizam nas alturas respirando ar puro e totalmente azul.
Sinto em mim um frêmito que balança a estrutura carnal, faz o sangue correr mais forte e aumenta as pulsações.
Mas quando me vejo no corpo pesado, fixa na terra e sem as asas sonhadas, sinto-me aprisionada e falta-me o ar, a alegria e a liberdade... e esse desejo incontido me asfixia e joga em um cantinho. Sinto vontade de estar na posição uterina ou de me encolher sob a cama.
Entendo que essa é a loucura do espírito enclausurado e ceifado do ir e vir.
E doí-me o corpo num reflexo da alma engaiolada que se debate contra as grades e paredes no afã de ser dona de si mesma. Talvez guarde em mim as lembranças do etéreo onde, solta das amarras materiais, cruzava ares e mares admirando as paisagens e me embriagando com suas belezas e cores.
E entendo a angustia das feras enjauladas, dos pássaros em cativeiros, dos peixes em tanques ou aquários diminutos.
Oh! ínfima liberdade de viver! Movimentos limitados, espaço irrisório, conhecimentos parcos! Onde deixei as minhas asas? Onde perdi a minha leveza? Onde estão os conhecimentos de tantas e tantas vidas? Quem sou, afinal, que não consigo me estender além das entrelinhas de um ser que se sabe em pleno exílio?
Vencida me prosto em oração e peço Àquele que me criou forças e sabedoria para vencer mais esta batalha. E, menos insegura, prossigo a viagem rumo ao crescimento, tendo assim, aos poucos, a recuperação da coragem de mulher guerreira que sou e serei sempre.
Agora vou firme. Passo a passo. Sem mais angustias e ansiedades. Ainda com uma enorme vontade de voar e ser livre... mas com a calma de quem compreende o que é crescer!
Luzmar Oliveira —

Um comentário:

  1. É a clara e óbvia descrição da restrição da liberdade.

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