Os teus cabelos
incendeiam a terra seca,
têm uma estranha luz
quando penetram
no rendilhado dos ramos
e das folhas,
são raios da manhã cedo,
são conchas,
búzios,
são estrelas-do-mar.
Os fios desprendidos
são campos de trigo maduro,
um olival,
a areia da praia,
os dedos do vento.
E brilham…
brilham
como o entardecer no outono,
como o teu vestido
mesclado de mil tons,
como as sílabas soletradas a compasso.
Os teus cabelos
têm cheiro a volúpia,
a almofada suada,
a amor feito,
e sabem à minha pele,
sabem aos meus dedos,
a amêndoas
e a poemas.
Cheiram e sabem a nós.
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