Saudades… um crescer de Liberdade!...

- Tenho saudades de ti. - diz-lhe ele, antes de partir. - Até eu tenho saudades de mim. - responde-lhe ela e fica de olhos perdidos no firmamento numa eterna busca que aparenta ser um fim em si e um fio de cristais de sal tece orvalhos nas pétalas do olhar.

O que fazer com este imenso sentir, caudal ininterrupto que lhe preenche os dias em avalanche, a ergue aos cumes ou a afunda num abismo de dor e pranto? O que fazer com os braços que ora abraçam o mundo em terno arco-íris alado ou se fecham sobre si mesma na procura de um abraço desesperado?

Porque não vivê-los como igual?!
Porque teima o Homem catalogar tudo por bem ou mal?

Já é tempo de mudar e ela sabe disso, por isso já não se martiriza quando chora, já não se deslumbra quando ri. Tudo na vida é êxtase e ela recebe as dádivas dos momentos no ser imenso cálice, foz que tudo recebe, que tudo presenteia com o seu único e receptivo estar.

À sua mente eleva-se uma frase que leu “Cada cabeça é um mundo, cada Mundo é um Universo!”. Nada poderia fazer mais sentido neste momento… é como se aquela voz de sempre a continuasse a auxiliar, continuasse calma e inocentemente a sussurrar-lhe os lenitivos do coração. Sorri e tranquila entrega o olhar aos passos que calmamente dá ao longo do dia.
Sabe-se em si. Aprendeu a parar, a abrandar para se permitir ouvir o bater do seu coração. E assim, tranquila, vê os cristais de sal serem diamantes de um estar que desabrocha firme e sereno no corpo de amor que contempla para lá do firmamento.

- Tenho saudades de ti. – disse-lhe ele antes de partir.
- Eu estou só e livre em mim. – pensa ela enquanto se liberta dos grilhões do momento passado, estende os braços, desembrulha o presente que é o seu inigualável dia e ensaia o seu grito.

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