ELA... Rosely maria Selaro


Está aí mais um dia das mães e eu já não a tenho. Pela braveza dela não sei se virou estrela, se não virou nada, se habita outros mundos e evolui por lá. Só sei que ouvi que “saudade é o amor que fica”. Belíssimo.

Mas pé no chão mesmo, não tem mais nhoque, arroz doce, sagú de vinho, aquela carne de panela que só ela sabia fazer. E o feijão então? Até salada de chuchu na mão dela criava gosto.

Dificuldades de conviver? Muitas. Todas. Mas esse “não ti esqueço” agarra no meu pé e não tem porto, não tem porta e muitas vezes não sei pra onde voltar.

Ela era meu bem e meu mal. Uma visionária que sabia que só o estudo acadêmico era a grande herança que podia me deixar. E não poupou esforços.

Mas era tirana no seu amor implícito. Não dizia – “vá com Deus” (só pensava), e como é que eu ia saber? Não me beijava, nem me chamava de minha filha, mas me amava. Era dura como pedra, mãe sem melação, que eu ainda aprendo a viver sem, mas eu burilei esse carinho nunca declarado.

Às vezes agarro meu filho de 22 anos e aperto e beijo e ele se esquiva, afinal ele é um homem! A menina é uma princesa e me pergunto – eu é que fiz isto?

Meus filhos são a minha melhor parte.

Domingo levo pra ela aquelas flores que odeio e deixo lá prô sol queimar e meu coração volta em cinzas.

O que não tem remédio remediado está. Mas o que faço? – E o nhoque, o sagú, a carne de panela, e o feijão então?

Reinvento a vida sem ela. Ela está em mim.

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