O POEMA QUE NUNCA FIZ (a semente e o fruto)















Vejo no teu rosto
o rosto da minha infância,
um pouco do meu peito
bate no teu peito
e até as lágrimas que vertes
têm o sabor dos meus rios.

Vejo-te nesses traços
que me acompanham na estrada
e na essência inesgotável
do mais puro sorriso.

Vejo as fotografias
onde o meu tempo
ainda não era o teu tempo,
um único suspensório
agarra-me os calções de fundilhos gastos,
e as feridas nos joelhos
trazem-me à lembrança
o menino que não queria crescer.

Hoje, cultivas flores
no jardim dos meus olhos
e eu sinto o aroma
de cada pétala
que de ti desabrocha.

Nenhum comentário:

Postar um comentário