Uma carta de amor... Ana Fonseca



Talvez haja dias em que os sentires estão mais à flor da pele, talvez…
(Sabes, nunca pensei começar a escrever-te com um talvez mas como não sou eu quem dita as palavras, quem sou eu para opinar com um início?!)
Talvez precisemos de uma data no calendário que nos lembre que é tempo de acordarmos para o amor, talvez…
Quanto a mim e agora em que sonhadora contemplo o vazio de mãos encostadas ao rosto, olhar perdido na curva que embala o tempo e que tanto me delicia, sei que todo e qualquer momento é perfeito para falar de Amor. Nunca é demais. Mas mais importante que falar de um sentimento é exercê-lo, é senti-lo e aí somos todos meros aprendizes enquanto calcorreamos os trilhos da vida.
Nunca pensemos que o conhecemos. Esse seria o maior dos enganos.
Ele é sempre capaz de nos dar a volta nos instantes mais inapercebidos, naqueles em que julgamos estar certos e seguros de tudo. E é aí, precisamente aí, que ele surge e nos tira o tapete. Tão irónico e certeiro. Tão omnipresente e omnisciente o nosso amigo.
Engraçado, estava disposta a escrever-te uma carta de Amor e acabo a falar em Amor. Faz sentido.
Ainda não falei em ti, nem de ti. Talvez não seja preciso. Tu és simplesmente uma das facetas que ele assumiu na minha vida, um dos rostos e convenhamos que és um rosto que me desnorteia, que me tira o sentido aos ponteiros, que me vira do avesso, que me energiza e enleia, que me apreende e liberta… e como eu adoro ser-me livre em ti!
Afinal, falar de Amor é falar de Ti.
Sei que te tinha prometido uma carta de Amor mas sei que a melhor forma de te dizer o que sinto é tecer uma enorme manta com todos os nossos momentos, com todos os nossos sentires e depois de bem urdidos com um fio de Luz pleno de sentimento, imensos, estender-te a mão, entregar-te uma das pontas, chamar-te lá fora e juntos estendermos os nossos sentires ao vento.
Vês? Vês a manta a permear-se na paisagem que contemplamos? Vê-la tomar os nossos contornos, ser água, terra, fogo e ar, vês?
Agora sabes, para onde quer que olhes estamos nós… assim é o nosso amor, omnipresente e intemporal…
Não permitas que nenhuma mão interfira na paisagem e sê comigo…

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