Dia 313... Joaquim Pessoa










Poucas coisas conheço tão fascinantemente belas como esses teus
olhos que fazem algarves de inveja às amêndoas. E não há cântaros,
nem ânforas fenícias com a doçura do contorno dos teus ombros.
Quando beijo os teus lábios ou mordo a tua boca, o meu sangue
adquire a consistência da terra e o perfume maduro da fruta do mês
de junho. Os teus seios, de tão firmes, foram moldando as minhas
mãos, e os teus dedos têm a elegância e a doçura da cana do açucar.
As tuas pernas são os dois mastros do veleiro que me conduz através
dos oceanos do desejo. O teu pescoço exibe a perfeição que estiveram
perto de atingir Polycleitos e, mais tarde, Miguel Ângelo.
Tudo é perfeito, ou quase perfeito, no teu corpo. Ainda assim, esta
simples verdade é tão evidente que não há como fugir a dizer-te isto:
acima de tudo, bem acima de tudo, meu amor, tens um rabo lindo!

in ANO COMUM, Litexa, 2011.

Nenhum comentário:

Postar um comentário