Flutuo... Ana Fonseca da Luz











Flutuo na tua boca agridoce e na cinza que te morre nos olhos
por entre a manhã que desponta, cálida, meiga, silenciosa…

Aproveito o abraço, já esquecido, para erguer em mim esta vontade
que derrubo com o bater das tuas asas, perante a maciez da tua voz…amante.

Põe-se a noite, porque as estrelas já me apontam o norte para onde o meu corpo exangue e frio se ergue e flutua.

Não me prometas o céu quando tudo o que me podes dar é esse mar azul onde navego
ausente de mim.

Não me prometas a lua se ela não te couber na palma da mão.
Rasgo finalmente a placenta que me envolve
e flutuo nos teus braços que me apontam a estranheza dos sentidos.

Depois, amarro as minhas asas às tuas e envolta no mel que te pinga dos olhos,
deixo a terra num voo rasante e mergulhando na nossa eternidade …flutuo.


Magnólia

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