Oblíqua reflexão... Francisco Valverde Arsénio










Faço das manhãs um rio
onde desaguam os meus passos,
onde o tempo se esvai inexorável
e morre nas profundezas das águas.

Já me falaram dos astros,
dos fenómenos atmosféricos
e da sustentabilidade do planeta,
já me falaram de tudo,
mas há pequenos detalhes
onde as interrogações se avolumam..

Hoje, há linhas que não escrevo,
não por falta de palavras ou enredo,
apenas porque a luz do sol
incide oblíqua sobre mim.
Há cores esfumadas
entre o entrançado dos matizes,
há desenhos de traços interrompidos
numa folha seminua,
há um rasgar de olhos nos meus olhos.

Há um tempo que se esvai…
E um rio desagua nos meus passos.

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