Panos de bunda... Rosely Maria Selaro










Não me roube a palavra. Não respondo por mim.
Viro pomba-gira. Ela é pedaço de mim.
Queres roubar, dou-te meu asco,
meu naco até meus panos de bunda.
Dou-te amor verdadeiro, todo meu destempero
e tudo, tudo que há. Não me roube o terror,
o torpor, o sabor, o tesão que só a palavra me dá.
Se te atreves ti mato, me mato,
não vivo sem ela, sou dela, ela é de mim.
Rouba-me a saudade e escreve na
minha margem uma frase daquelas:
Ai Saudade!
Quantas letras preciso, quantas palavras, quantas frases.
Sem palavras como definir a ausência
dessa presença que me rouba a vontade?
Não, por favor, não me roube a palavra,
com ela ataco, defendo, encho um vale de lágrima.
O lamento também canto com a palavra.
Não, deixa-a comigo, suporto todo castigo.
Onde está meu amor-amigo?
Eu sei, está dentro da minha palavra.

Nenhum comentário:

Postar um comentário