AS FRIAS LÁGRIMAS DO SOL... Francisco Valverde Arsénio










O sol parece que chora,
vejo-lhe uma névoa descolorida
por entre as mágoas,
vejo-lhe a tristeza
entrelaçada no tempo,
no tempo denso
que corrói o amanhã.

Os pássaros
passam
rasos
num voo labiríntico
num céu sem cor,
correm o tempo vagabundo
agrilhoado na solidão da luz
e deambulam
como um mendigo
que se transmuta
em lágrimas puras de cristal.

O sol parece que chora…

Porque chora o sol
se não há nuvens na noite
nem becos
com sombras retalhadas?
Porque se possui
na ansiedade
das chamas adormecidas,
porque se queda
num destino ébrio de cor!

Fosse eu pássaro,
varria-lhe os silêncios
e rasgava-lhe
as sombras da memória.

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