Improviso desejado... Francisco Valverde Arsénio
Improvisa-me o momento,
não importa como
nem onde,
apetece-me ouvir palavras surdas,
daquelas que o cérebro não decifra.
Improvisa-me na ausência de nós,
numa mão cheia de ti.
Apeteces-me…
Apeteces-me no cerrar dos lábios,
no descontrolo da pele,
no fôlego que me falta,
no teu peito,
nas vontades,
nos murmúrios.
Improvisa-me nos pequenos nadas,
no bater de asas das borboletas,
na luz mortiça do candeeiro.
Improvisa-me
no canto quinto dos Lusíadas,
na liberdade duma madrugada,
no tiquetaque das horas incertas.
Improvisa-me…
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