NONSENSE... Ana Fonseca da Luz


Há dias em que nos sentimos assim. Incompletos. Incoerentes, praticamente absurdos.

Hoje, é um desses dias! Que raio de dia para me acontecer uma coisas destas!

Logo hoje que precisava de estar lúcida e radiosa diria mesmo…presente. Mas não…

É que hoje nem é um dia especial, é apenas um dia como outro qualquer, em que decidi dizer-te, o quanto te amo. E quando digo que te amo, falo de um amor sem vulgaridade. É assim um amor completo e cheio de coisa nenhuma.

Não faz sentido eu sei, mas é assim que consigo descrever este amor que me tolhe todos os outros sentimentos, ficando apenas este, um amor que não se consegue explicar, um amor transcendente. Um amor de poeta!

O poeta, quando escreve, também não escolhe as palavras, elas simplesmente florescem.
São assim como que flores que nascem sem serem plantadas. Selvagens!

É, o meu amor por ti é selvagem, virgem e incandescente.

Sabes como é? É como se uma mão invisível me apertasse o coração e ele parasse para
tudo, e batesse só para ti, só porque tu existes…

Estranho, este amor, não é?

Provavelmente nem é amor. Provavelmente é uma doença grave, muito grave. Provavelmente
incurável…

De qualquer maneira, não faz sentido. E desde quando o amor faz sentido?

Faz algum sentido dizer-te que ando sem pôr os pés no chão? E se te disser que me dás asas?

Afinal mudei de ideias, não te vou dizer que te amo. Afinal não te amo. Quero apenas ter-te no meu pensamento e que eu seja o teu único pensamento. Quero que adormeças a pensar em mim e que eu seja o teu primeiro pensamento, mal cordes.

Pois, isto realmente não é amor. É egoísmo!

Mas depois pensando melhor, qual é o amor que não é egoísta, que não é inteiro, intemporal e sem sentido?

Não, não te amo. Apenas te quero. Quero-te como quero a uma coisa que muito ama. Como se quer a coisa nenhuma. Quero-te como quem quer água, quando quase morre de sede.
Quero-te, porque tu não me pertences. Quero-te porque o mal que me fazes, me acorda todos os dias, Quero-te porque não há lei nenhuma no mundo que me proíba de te querer e porque se essa lei existisse, eu não a respeitaria e te iria
querer, ainda mais e mais. Quero-te porque me és impossível e tudo o que me é impossível, me atrai.

Mas depois, pensando melhor, se calhar, nem sequer te quero…

Nem sequer te amo… Se calhar, nem sequer existes…

Porque se existisses, provavelmente, eu nunca te diria o quanto te amo.

Mas há dias assim. Dias em que a lucidez nos abandona e em que dizemos coisas que não
fazem sentido, a pessoas que, ao fim e ao cabo, nem existem nas nossas vidas.

Há dias assim, em que nos sentimos incompletos, incoerentes e praticamente absurdos.

Um comentário:

  1. Parabéns por esta página. Tão rica em poesia e tão simples e leve. Uma surpresa. Parabéns!
    Um abraço.
    Manuela Silva

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